sabato 3 dicembre 2011

FanFiction






Temperance Brennan


“I'm pregnant. You're the father.”


Dediquei muito tempo ao fato de como teria dado a noticia, mas depois de ver a felicidade do Hodgins ao segurar o pequeno Michael, as palavras simplesmente escaparam, sutilmente sairam pela minha boca bombardeando quem estava a minha frente. Nunca pensei que meu coração fosse capaz de disparar daquela maneira. Aqui estou, diante do homem que eu amo aguardando ansiosamente a resposta para uma pergunta que existia somente na minha cabeça: Ele ficaria do meu lado, como uma familia?

A surpresa em seus olhos durou uma fraçao de segundos, mas que pareciam, naquele momento, eternos. Logo em seguida ele esboçou um sorriso, o sorriso que eu adoro e o mundo voltou a girar novamente. Suspirei aliviada. Sorri junto aguardando alguma frase embaralhada ou ate mesmo perguntas que ele me faria, mas surpreendentemente ele não tentou dizer nada. Apenas deu um passo a frente e me abraçou forte, me aconchegando em seus braços como se dependesse disso para viver. Foi então que eu pude sentir: o seu coração batia tao freneticamente que parecia quase estar parado. Como pude pensar por um segundo sequer que ele não estaria ali por mim? Por nós? Esse è o Booth. Esse è o homem por quem me apaixonei.

‹‹Teremos um bebê!›› Ele sussurrou no meu ouvido se afastando lentamente. Só então me dei conta do quanto essa noticia o tinha emocionado. A sua voz tremia.
‹‹Sim. Teremos um bebê.›› Era impossivel parar de sorrir. Demos meia volta e fomos em direçao ao meu carro, ele segurou a minha mao. Aquele gesto me pegou totalmente desprevinida. Não saberia explicar com palavras o que senti naquele momento, mas posso garantir que foi um dos melhores da minha vida.

Os minutos que se seguiram foram silenciosamente adoraveis. Porque sentir os olhos dele em cima de mim o tempo todo, e ouvir aquela risada abafada e um sorriso constante, eram melhores do que qualquer frase. Eu sabia que por dentro ele estava sentindo todas as emoçoes ao mesmo tempo, estava se fazendo todas as perguntas possíveis, imagiva sem descanso o que viria a seguir. Ou talvez a felicidade que ele sentia era algo tao intenso que simplesmentenao não podia descrever, assim como era para mim.
O barulho dos pneus no asfalto nos acompanharam ate o apartamento de Booth. Estacionei em frente a loja de licor, aguardando que ele descesse do carro, apesar de não estar pronta para deixa-lo. Sorri desajeitadamente, olhando para ele ainda do meu lado. Ele se aproximou e me deu um beijo delicado no rosto, acariciando-o delicadamente. Suspirei abaixando os olhos, ficando estranhamente desapontada. Talvez estivesse esperando mais do que apenas um beijo em meu rosto.
Sem dizer nada ele saiu do carro. Uma parte de mim, ou talvez todas as partes, queriam ficar ali. Mas não tinha certeza se era o que ele tambem queria, portanto liguei o carro novamente e quando estava prestes a acelerar ele abriu a minha porta. Olhei a sua mao estendida a minha frente, era sem duvida um convite irrecusavel, mas não parecia muito racional aceita-lo. Estava confusa, tudo aconteceu de repente. Não fazia ideia do que aquilo significava, de como seria no dia seguinte. Mas ele estava ali, pedindo para que eu ficasse e...

‹‹Vamos, Bones. Essa noite você fica comi.. Alias, essa noite VOCES ficam comigo.›› Só consegui me mover quando ele mesmo me puxou para fora do carro. Booth pegou a chave da minha mao e foi me levando em direçao ao seu apartamento. Parei de repente, ele olhou para mim assustado.
‹‹ O que foi? Algo errado? Você esta bem?›› Perguntou com um tom exagerado de preocupaçao.
‹‹Sim. Estou otima. Não é nada, é só que... ›› Não conseguia terminar a frase, temia pelo fato de que o meu medo poderia colocar tudo a perder novamente.
‹‹.nao pensei que passaria a noite no seu apartamento. Não trouxe nada e talvez...››
‹‹Shhh.›› Ele me abraçou pela cintura, andando lentamente ate o elevador.
‹‹Não tem problema algum e você sabe. Não é a primeira vez que você passa a noite comigo, Bones.›› Ele tinha razao. Isso não era motivo, mas ele tambem não podia saber qual era a real razao por eu não querer dar mais nenhum passo em direçao ao seu apartamento. Daquele momento em diante tentei não imaginar nada, apenas seguir o que eles chamam de instinto. Algo que eu não compreendo, mas que talvez seja a única coisa que me faça seguir em frente.

Somente depois que chegamos na casa do Booth nos demos conta de que antes estavamos indo comer alguma coisa no Royal. A noticia abalou tanto a nossa capacidade de raciocinio que não lembramos nem de comer. Já passava da meia noite, cozinhar ia levar muito tempo. Booth resolveu pedir comida Tailandesa. A nossa preferida. Ia demorar um pouco antes que entregassem o nosso jantar. Resolvi então ir me refrescar e tentar esclarecer as minhas ideias aproveitando um momento sozinha no banheiro.
Sem o meu beaty case era um pouco complicado me tornar apresentavel, mas com o que ele tinha no banheiro deu pelo menos para tomar um banho. Demorei mais do que imaginava debaixo do chuveiro. A agua que escorria pelo meu corpo levava consigo um peso que eu não fazia ideia de carregar. Não, não era um peso, talvez fosse uma sensaçao. A sensaçao de que eu ficaria sozinha para sempre. Saber que ele estava ali do lado, no outro comodo, assim tao perto, me tornava nervosa. Por muito tempo neguei para ele e para todos o que eu sentia realmente e tentei negar ate para mim mesma. Mas no final minha vulnerabilidade obteve a melhor, meus sentimentos e minhas necessidades me fizeram reavalizar a minha escolha. E eu acabei optando por ele.
No espelho eu vi refletida uma pessoa diferente. Por um instante pensei estar diante de outra pessoa, cheguei ate a olhar em volta, rindo de mim mesma, que pensou não estar sozinha no banheiro.

‹‹Esta realmente mudando.›› Falei para mim mesma em voz alta. E era verdade, eu estava mudando. Não sabia ainda quem estava me tornando, mas sabia que era em alguém melhor. Alguém capaz de fazer outra pessoa feliz. Alguém capaz de fazer ele feliz.
Não seja boba, Temperance. Pensei, balançando a cabeça num ato involuntario de querer fazer com que aqueles pensamentos sumissem. Eu não sou capaz de mudar. Não posso ser uma pessoa melhor. Não mereço alguém como ele.
Suspirei fundo, voltando a sentir aquela melancolia que me perseguia por anos. Só então notei que já havia colocado uma calça e uma blusa que o Booth emprestou. Estavam ridiculamente enormes em mim, mas não havia outra opção. Não poderia obviamente andar nua pela casa.
O Booth não estava na sala, e na cozinha tambem não havia sinal dele. Já estava bem tarde, não poderia ter saìdo..

‹‹ Booth ? ›› Bati na porta do quarto, esperando que ele estivesse la dentro.
‹‹ Aqui Bones, pode entrar.›› Ele estava arrumando a cama, já havia trocado os lençóis. Os sujos estavam jogados pelo chao. Ele olhou para mim e sorriu, deixando o edredom cair sobre a cama.
‹‹O que foi?›› Perguntei confusa enquanto ele me olhava de cima a baixo.
‹‹Você esta linda. Só isso.›› Sorriu novamente, se aproximando. Parou na minha frente e passou os dedos pelo meu cabelo molhado. Dei um passo breve em sua direçao, podendo sentir a sua respiraçao acariciar o meu rosto.
‹‹ Linda. Claro. Eu sei, Booth.›› Ele riu. Eu não entendi. Seus labios então se aproximaram dos meus, fechei os olhos na espera do beijo. A campainha tocou. Era o jantar. Nós dois suspiramos desapontados.
‹‹ Deve ser o jantar. ››Disse ele passando por mim e indo em direçao a porta.
‹‹ Otimo. O jantar. ›› Tentei parecer entusiasta, mas acredito não ter sido muito convincente. Ouvi de longe a sua risada.

Ele colocou a comida sobre a mesinha da sala. Sentou no sofà e começou a abrir as caixinhas.

‹‹ Hey Bones, vem logo antes que a comida esfrie.›› Tinham quase 20 caixas de comida.
‹‹ Booth, você esta esperando alguém?›› Sentei no sofà no outro lado da sala, ainda espantada com a quantidade de comida.
‹‹ Não. Claro que não. Somos só nós tres. ›› Ele olhou para a minha barriga e voltou a olhar para mim, com aquele sorriso de novo. O que eu adoro!
‹‹ Então não entendi o porque desse tanto de comida. Você provavelmente deve estar com muita fome.›› Sorri meio de lado, ele sabia o que eu estava insinuando. Peguei um pouco de macarrao e comecei a comer, mastigando lentamente. Não estava com fome.
‹‹ Bones, sou um cara grande. Preciso sim de muita comida, mas não de toda essa comida. Ela é para voces! ›› Ele deu a volta na mesa com uma caixinha na mao e sentou do meu lado no sofà, já comendo o que parecia ser carne. A presença dele ainda me deixava balançada, não era como antes.
‹‹ Hm...sim. Alias, não! Booth, estou gravida de um ser humano, não de um elefante. Os seres humanos não precisam da mesma quantidade de comida de um elefante, que no caso comeria tudo isso. Apesar deles preferirem amendoim.›› Comecei a rir do que deveria ser uma piada. Comparei seres humanos com elefantes. Era engraçado, porque era obvia a diferença. Ele deveria ter rido, certo? Errado. Ele não riu. Me olhou de lado parecendo nem entender o que eu estava falando. Pegou a caixinha da minha mao e junto com a sua as apoiou sobre a mesa, virou-se para mim, e serio, me encarou por alguns segundos em silencio.
‹‹ Olha Bones, eu...eu não tive a oportunidade de dizer isso antes mas, estou realmente muito feliz. Desculpa não ter dito nada nas ultimas duas horas, mas eu não esperava que isso acontecesse. ›› Olhei para ele meio confusa, ele percebeu. ‹‹ Deixa eu tentar explicar. Eu sempre quis você. Você sabe disso, não é nenhuma novidade. Mas por muito tempo eu pensei que isso nunca aconteceria, que você não quisesse, no fim das contas, ficar comigo. O que aconteceu entre a gente...sabe...dormir juntos. Fez com que o que eu sentia por você voltasse a superficie com uma força bem maior do que eu poderia controlar. Eu tive medo de ver você partir.›› Fez uma pausa, sem tirar os olhos dos meus, parecia estar esperando alguma resposta.
‹‹ Booth, eu...›› Ele me interrompeu.
‹‹ Bones, deixe-me continuar, ok?. Iremos ter um filho. (…) O que eu quero dizer é que: não serei apenas um pai pro seu filho, serei tambem seu companheiro, serei alguém com quem você ira compartilhar o resto da sua vida. Sei o quanto deve ser dificil para você ficar comigo...›› Sua voz se fez nitidamente triste. O modo com que ele me ve me deixou surpresa.
‹‹ Booth, nos conhecemos há muitos anos. Eu entendo que nem sempre foi facil, e que talvez em algumas circunstancias eu tenha deixado claro que eu preferia ficar sozinha. Mas isso não quer dizer que eu preferia ficar sozinha do que ficar com você. Eu só não sabia como ser uma pessoa melhor. Alguém que você mereça, que te faça feliz, que você tenha orgulho de dividir sua vida. Eu só... eu sempre quis você. O que aconteceu semanas atras, depois da morte do Vincente, aquilo foi algo que eu desejei por muito tempo. E querer ter um filho seu tambem não é novidade. ›› Sorri na esperança de aliviar a sua tristeza, sem muito sucesso. Ele retribuiu com um sorriso forçado.
‹‹ Não quero te ver triste, Booth. Desculpa se eu fiz algo..›› Ele não me deixou terminar a frase.
‹‹ Triste? Não estou triste, Bones. Estou preocupado. Isso, você e o nosso filho, é tudo o que eu sempre quis para mim. Só não quero te perder. Sei que você não queria ficar aqui essa noite, mas.. por favor, seremos uma família e.. ››Me aproximei impedindo-o de terminar aquela frase com um beijo. Sentir os seus labios era algo que me fazia literalmente perder o folego, me afastei lentamente, olhando em seus olhos.
‹‹ Booth, não vou a lugar algum. Ate agora eu tinha medo do que poderia acontecer amanha. Mas agora eu sei que você estara do meu lado e não vai deixar que nada de ruim aconteça. Não vou a lugar algum. ›› Ele sorriu voltando a me beijar. ‹‹ Eu te amo, Bones.›› Disse ele entre o beijo.

Cheguei a conclusao de que nem ele estava com fome. Era impossivel comer depois de tudo o que passou. Fomos para a cama, juntos. E essa parte vai ser muito facil de se acostumar. A cama do Booth estava ficando deliciosamente familiar. A melhor parte do dia, sem duvida alguma. Depois de anos lutando contra um sentimento incansavel, poder dormir nos braços dele é algo viciante. Nada aconteceu aquela noite, ou talvez tudo tenha acontecido. O fato é que certas palavras marcammais do que gestos, e o que ele me disse essa noite vai ser impossivel esquecer.
Me aconcheguei em seus braços, abraçando-o sutilmente. Podia ouvir o seu coração bater como se eu mesma causasse isso. A sua respiraçao regular me tranquilizava, era facil sonhar quando estava com ele. Em alguns minutos já sentia meus olhos pesados, prestes a cair no sono. O que ele disse segundos depois quebrou o silencio do quarto.

‹‹ Se isso for um sonho, por favor, me deixe dormir eternamente.›› Uma voz dentro de mim ainda lutava contra isso. Não tinha certeza se poderia realmente viver tudo aquilo. Suspirei fundo, tentando me concentrar nas batidas do coração de Booth. Foi então que eu a ouvi: “Nao tenha medo, Temp. Você merece o que ele esta te oferecendo. Apenas feche os olhos e eu lhe prometo que amanha ele ainda vai estar do seu lado.” Essa era a minha voz, e mesmo correndo o risco disso parecer ridículo, acredito que era a melhor parte de mim, a que o Booth despertou, tentando me convencer de que vai ficar tudo bem....




└─────── Micky





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Temperance Brennan


“Nao tenha medo. Voce merece tudo isso” Repeti para mim mesma essa frase durante toda a noite. Talvez o fato de eu ter dormido somente por duas horas tenha influenciado a minha percepcao sobre o dia que estava nascendo. Mas parecia ter algo estranho, nao era um dia como os outros. E apesar da minha cama nao estar mais vazia desde a noite em que ele soube da gravidez, sentia o imenso desejo de proteçao, algo que nem o Booth conseguia me dar naquele momento. Ja passavam das 6 quando resolvi levantar. Senti a mao dele apoiada sobre a minha barriga e, com delicadeza, a apoiei sobre a cama, tirei o lençol jogado sobre as minhas pernas e lentamente me sentei. Mas todo o cuidado para nao acorda-lo foi em vao.
‹‹ Bones....›› Ele segurou o meu braço enquanto eu estava me levantando. Me virei quando ouvi o meu nome. Ele continuou. ‹‹ Que horas sao? Volta aqui.›› Me puxou de volta fazendo com que eu me deitasse novamente ao seu lado. E quando ele abriu aquele sorriso eu me dei conta de que so a partir daquele momento o dia havia começado.
‹‹ Bom dia.›› Ele tocou os meus labios com os seus, acariciando a minha barriga enquanto se afastava. ‹‹ ...e bom dia para voce tambem!›› Apoiei minha mao sobre a sua, deslizando-a pelo seu braço ate o seu rosto, acariciando-o com ternura.
‹‹ Bom dia. E...desculpa, tentei nao te acordar. ›› Ele tocou a minha bochecha com as pontas de seus dedos, tentando manter os olhos abertos apesar do sono ainda presente.
‹‹ Nao tem problema, ja estava acordado.›› Era mentira.
‹‹ Hm, okay. ›› Escondendo um sorriso, me levantei, deixando o lençol cair sobre a cama. Peguei uma camisa do Booth que estava jogada na poltrona e a vesti, abotoando-a desajeitadamente enquanto procurava o meu telefone.
‹‹ Aqui esta.›› Ele me abraçou por tras e me entregou o celular. Deu um beijo no meu pescoço enquanto deslizava a mao pela minha barriga com carinho. ‹‹Vai ligar para alguem?›› Ele nem sequer tentou esconder a curiosidade.
‹‹Nao. Na verdade so queria saber se alguem do Jeffersonian telefonou.›› Sorrindo me virei para ele, envolvendo meus braços em seu pescoço, com um leve sorriso nos labios. Ele aceitou a resposta sem questionar.
‹‹Certo. Talvez voce possa aproveitar que encontrou o seu telefone e ligar para a Angela.›› Se afastou em seguida indo em direçao ao banheiro. Nao sabia porque deveria ligar para ela. Ou pelo menos nao lembrava.
‹‹Angela? Porque eu ligaria para a Angela a essa hora? Falei com ela ontem a noite.›› Ele parou na porta do banheiro e olhou para mim como se nao acreditasse no que eu estava dizendo. Continuei sem entender.
‹‹Bones, serio? Conversamos sobre isso ontem, lembra? Eu, voce, bebê, noticia...›› Ficou esperando uma iluminaçao da minha parte. O que levou alguns segundos, mas acabou chegando.
‹‹Oh, claro. O bebê, eu, voce... Lembro. Claro que eu lembro.›› Talvez isso tenha influenciado a minha insonia dessa noite. Hoje era o grande dia. E eu nao tinha mais como prorrogar essa situaçao. Contariamos para os nossos amigos sobre a gravidez.
    CASE TIME ON

O Dulles International Airport, em Washington, foi cenario de um assassinato macabro. Apesar das 1.300 cameras espalhadas somente no andar de desembarque, nenhum ato suspeito foi registrado. E nada foi notado ate que uma multidao rodeou a esteira de bagagens, apos o pouso do aviao direto de New York. As pessoas foram retirando seus respectivos pertences e, apos alguns segundos, alem das malas sobre a esteira, havia tambem um extenso rastro de sangue, acompanhado de um corpo ja em avançada decomposiçao. O horror estampado no rosto dos passageiros foi apenas o inicio de mais uma investigaçao para os Squints do Jeffersonian Institute.
    CASE TIME OFF

Sempre apreciei o silencio matutino, principalmente hoje. Ao contrario de Booth, que enquanto fazia algumas torradas, insistia em me fazer falar.
‹‹ Hey, esta tudo bem Bones?›› Pensei ser capaz de esconder certas emoçoes. ‹‹ Claro.›› Era inutil tentar esconder algo do Booth, ainda mais sabendo que ele me decifrava ate mesmo pelo timbre de voz. Nao esperei o contra-ataque, ele insistiria. ‹‹ Talvez um pouco preocupada.›› Ele parou imediatamente o que estava fazendo e olhou para mim com uma cara de espanto.
‹‹Ac..aconteceu algo com o..com o bebê?›› Nao sabia se ficar feliz pela atençao ou triste por te-lo preocupado inutilmente.
‹‹ Nao. O bebê esta otimo. ›› Forcei um sorriso. Ele nao notou. ‹‹ Nao sei explicar, acho que isso é o que chamam de 'sensaçao', entende? Nao è nada. Nao se preocupe. ››
Ele respirou aliviado. Se aproximou entao, dando a volta no balcao da cozinha. Ve-lo so de roupa intima era algo ainda capaz de embaralhar o meu raciocinio. Odiava os efeitos, mas adorava o fato.
‹‹ Talvez voce so esteja ansiosa por saber que tera que contar para os seus amigos sobre o nosso filho. ›› Ele disse.
‹‹ Sim, voce tem razao. Provavelmente è por isso. ›› Nao. Definitivamente nao era esse o motivo. Mas para tranquiliza-lo era melhor acreditar que fosse.
Ele se inclinou para beijar os meus labios quando o telefone tocou. Nao poderia haver momento melhor. Foi o que evitou novas perguntas.

‹‹ Booth. ›› A sua expressao mudou repentinamente. Nao disse nada, apenas ouviu e desligou o telefone.
‹‹ Bones, se prepara. Temos um assassinato. ›› Ele parecia ter esquecido a conversa de poucos minutos atras. So um novo caso seria capaz de ocupar a minha mente. Nao disse em voz alta para nao parecer estranho, mas fiquei quase feliz.


CRIME SCENE ON

Cada caso era unico, exceto quando se tratava de um serial killer. O que nao parecia ser o caso deste assassinato. Booth me acompanhou ate o aeroporto, onde nos encontramos com a Cam, para uma analise superficial dos restos mortais da vitima.

‹‹ Cam.››
‹‹ Dra. Brennan. Booth. ››
‹‹ Bom dia Camille. Ja chegou a alguma conclusao sobre a vitima?›› perguntou Booth.
‹‹ Hm, nao. Na verdade estava aguardando uma analise superficial da Dra. Brennan antes de começar a mover a vitima. Os restos parecem frageis››
‹‹ Muito bem pensado Dra. Saroyan. Realmente a minha analise primaria, nao superficial, è mais importante do que as suas constataçoes.›› Abri o meu kit, e com a lanterna comecei a estudar os restos da vitima.
‹‹ Claro. Primaria.›› Ela respirou fundo. ‹‹ Mas dizer que as minhas const. - ›› Booth a interrompeu.
‹‹ Entao, Bones. Faça a sua magia.›› Ele sorriu descontraido, ansioso para saber mais sobre a vitima. Ansioso demais.
‹‹ Mulher. Caucasiana. Eu diria entre uns 20-25 anos. Aparentemente nao houve nenhuma lesao fatal.›› Cam, que se aproximou usando a lanterna para seguir os restos de carne que ainda havia, por fim comentou.
‹‹ Talvez um tiro? ›› Se debruçou sobre o corpo a procura de qualquer vestigio de orgaos.
‹‹ Nao quero tirar conclusoes antes de analizar os ossos. Mas acredito que seja uma das possiveis causas. Booth talvez...›› Ele estava ha alguns metros de distancia do corpo, analisava a cena ao seu modo. ‹‹ BOOTH. ›› Ele parecia estar particularmente concentrado. Nos alcançou em segundos.
‹‹ Cam, qual è a hora da morte?›› Perguntou diretamente a Cam ignorando o que dissemos anteriormente. Ela foi a procura de vestigios que pudessem indicar aproximadamente o horario.
‹‹ Isso è estranho.›› Disse ela enquanto remexia no estomago da vitima. ‹‹ Desculpa Booth, mas nao posso te dar essa informaçao.›› Parecia frustrada.
‹‹ Nao entendi. Por que voce nao pode?›› Perguntei na esperança de conseguir entender algo que aparentemente ate mesmo o Booth havia percebido.
‹‹ A vitima teve seus orgaos retirados.›› Concluiu Booth antes de deixa-la responder a pergunta. Cam e eu viramos para ele conteporaneamente.
‹‹ E como voce sabia disso? ›› Perguntamos ao mesmo tempo.
‹‹ Nao è a primeira vez.›› Ele falou sem tirar os olhos da vitima. ‹‹ E se voce procurar dentro da sua boca, ira encontrar uma moeda de 25 cents.›› Tirou o telefone do bolso enquanto a Cam controlava a boca da vitima, encontrando o que ele havia suspeitado.
‹‹ O que isso significa, Booth?›› Perguntei sem negar a curiosidade, mas a preocupaçao era por ele talvez ja conhecer o assassino.
‹‹ Significa que temos 25 horas ate ele matar a proxima vitima.›› 25 horas. Isso teve um efeito estranho sobre mim. 25 horas significava algo, mas nao conseguia lembrar o que fosse. Os minutos que se seguiram foram confusos. Fiquei presa na minha mente tentando recuperar essa parte da minha memoria. Lembro de ter voltado a me concentrar na cena somente apos escutar aquelas tres palavras ditas pelo Booth ao telefone. “ Ele me encontrou.”


CRIME SCENE OFF


 




└─────── Micky






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Seeley Booth

CRIME SCENE ON

Nao era possivel. Depois de tantos anos. Esperava estar errado, mas aquela moeda foi deixada para mim. Ele esperava que fosse eu a encontra-la. Deveria ter sido capaz de prende-lo quando tive a oportunidade.
‹‹ Booth?›› Ela interrompeu meus pensamentos.
‹‹ Sim, Bones. Vamos levar tudo para o Jeffersonian. ›› Ela me olhou confusa, se aproximou e deslizou a mao pelo meu braço. Foi so entao que eu consegui me desconectar da vitima e olhar em seus olhos.
‹‹ Nao foi isso o que eu perguntei. Voce esta bem? ›› Ela parecia realmente preocupada. Nao era isso que eu queria. Tentei disfarçar, como na maioria das vezes.
‹‹ Claro! Estou bem, Bones. Esse è so mais um caso. Um caso que ficou pendente, mas que dessa vez vai ser solucionado. ›› Tenho que admitir que nem eu mesmo me convenci disso, ela tambem nao.
‹‹ Seeley, se voce quiser podemos pedir a outro Agente do FBI que assuma - ›› Ninguem iria assumir o meu lugar nesse caso.
‹‹ NAO! Cam, esse caso è meu. Eu estou bem, okay? E voces precisam ir para o Jeffersonian. Precisamos saber mais sobre essa vitima. Nosso tempo esta correndo. ›› Falei me referindo as duas. Nao poderia responder a mais perguntas.
‹‹ ...mas Booth. Voce ainda nao disse porque sabia da moeda. ›› Nao sei porque cheguei a pensar que a Bones deixaria isso passar despercebido.
‹‹ Bones, voce ja sabe. Ja lhe contei sobre isso, nao lembra? ›› No primeiro ano em que trabalhamos juntos, contei sobre esse serial killer. Sem muitos detalhes, mas ela sabia.
‹‹ Nao.....lembro. Tem certez-›› A interrompi. Estavamos perdendo tempo. Precisava ter mais informaçoes sobre esse assassinato o mais rapido possivel e tentar achar uma conexao com os relatorios e evidencias que tinha arquivado anos atras.
‹‹ Bones, agora nao. Va para o Jeffersonian com a Cam. Eu preciso passar no FBI. Encontro voces daqui 1 hora, okay?››
‹‹ Mas Booth..›› Ela era teimosa. Nunca me dava ouvidos.
‹‹ Cam, leve a Bones. E certifique-se que os Squints encontrem algo que possa nos levar ao assassino. Eu contarei tudo o que sei mais tarde.››
‹‹ Eu sei o que eu tenho que fazer. Pode deixar. Estamos nessa com voce, como sempre.›› Talvez o fato de os ter do meu lado me faria finalmente prender esse desgraçado.
Era evidente a frustraçao da Bones, ela odiava nao entender as coisas. Mas nao havia tempo. Precisava voltar ao FBI e recuperar todos os files. E eles precisavam me dar alguma nova pista para achar o serial killer, antes que encontrassemos apenas o corpo de mais uma vitima. Tinhamos agora 24 horas.


CRIME SCENE OFF


1 HOUR LATER

Trabalhei nesse caso por anos, mesmo depois dele ter sido arquivado. Me lembrava de cada detalhe. Li novamente todos os files ate o Jeffersonian. Talvez eles conseguissem enxergar algo que so Squints fossem capazes. Mas ao meu ver, nao havia nada ali que pudesse nos levar ao assassino.

‹‹ Cam. ›› Estavam todos na plataforma, exceto a Bones.
‹‹ Booth. Acabamos de separar possiveis evidencias. Vou analisar os tecidos restantes e o Dr. Bray vai começar a sua analise nos ossos.››
‹‹ Okay. Se encontrarem qualquer coisa, me avisem imediatamente.›› Nao podia apressa-los. Sabia que se existia alguma pista naqueles restos, eles a encontrariam. Mas eu precisava fazer algo. Ele ja estava com a proxima vitima.
‹‹ Hey Booth.›› Senti uma mao bater no meu ombro. Hodgins. ‹‹ ...vamos pega-lo.›› Me sentiria aliviado se ele tivesse dito isso com mais conviccao.
‹‹ Temos algumas testemunhas. Precisamos interroga-las.›› Interrompi o momento. Sabia que todos estavam preocupados e eu precisava deles focados no trabalho. ‹‹ Cade a Bones?››
‹‹ Como assim? Ela foi ate o FBI encontrar com voce.›› Disse a Angela.
‹‹ No FBI ela nao apareceu. E eu disse para ela vir direto pro Jeffersonian...com voce, Camille.››
‹‹ Booth, ela ficou preocupada depois da reaçao que voce teve ao saber da vitima. Eu voltei pro Lab junto com o corpo. Ela pegou o meu carro e disse que iria atras de voce.››
‹‹ Eu pedi que voce a trouxesse para o Jeffersonian. Nao era dificil.›› Um serial killer que me odeia esta solto e a Bones desaparecida. Nao dava para acreditar.
‹‹ Nao sou uma sua subordinada, Booth. Nem a babysitter da Bones.››
‹‹ Okay, gente. Vamos respirar fundo e nos acalmar.›› Interrompeu Angela antes que eu pudesse responder.
‹‹ Talvez ela nao tenha te encontrado e esta voltando para o Jeffersonian.›› Eu esperava realmente que o Wendell tivesse razao. Ja estava tentando ligar para a Bones. O telefone caiu direto na caixa postal. Ela nao estava segura, eu sentia isso.
‹‹ Camille, se acontecer alguma coisa com eles....›› Sabia que ela nao era culpada por isso, mas naquele momento o meu medo de perde-la, de perder o meu filho...
‹‹ Voce nao pode me culpar por ela tomar suas proprias- ›› Ela mesma se interrompeu. Olhou para a Angela com um olhar de questionamento. Angela estava tao confusa quanto a Cam. Foi a Angela quem falou primeiro.
‹‹ Espera..O que voce quis dizer com “eles”›› Falei sem notar. Nao era assim que eu queria que eles ficassem sabendo.
‹‹ Eles. A Bones e....o nosso filho.›› Respirei fundo. Senti o olhar de todos sobre mim, nao conseguia pensar em mais nada. Precisava encontra-la.
‹‹ Espera, espera, espera. A Brennan esta GRAVIDA?››
‹‹ Sim, Angela. Ela esta gravida.›› O telefone continuava caindo na caixa postal. Ninguem sabia dela no FBI. Estava começando a ficar desesperado. ‹‹ Precisamos encontra-la.››
‹‹ Nao se preocupe, eles estao bem. Vamos encontra-los.›› Com um olhar de compreensao, a Cam se aproximou. Eu apenas concordei com o que disse. Meu telefone tocou.
‹‹BONES?›› Nao conseguia ouvir nada. ‹‹Bones, è voce? Voce esta b- ›› Era ele:


"Estou com ela. Voce conhece as regras.


Nao. Nao poderia acreditar. Isso era tudo o que eu mais temia. Ela estava nas maos de John Hopkins.





- Chapter's song: Adele -  Don't You Remember -


└─────── Micky